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Pintor e decorador, André é um desses homens a quem a fantasia, a natureza quase feminina, a generosidade etérea privam de toda a defesa. Vive num pequeno apartamento da Rua Saint-Honoré, cultivando a amizade e as artes, recolhendo gatos perdidos e rapazes errantes.
De súbito, no meio dessa existência extravagante, surge Aurélio com o seu feroz apetite de viver e a sua desmedida ambição. Não tardará a reinar na casa, primeiro para secreto prazer de André, depois para sua confusão, quando aparece Sabine.
Amante de Aurélio, Sabine é para André mais que uma amiga. Encanta-o, diverte-o e aflige-o ao mesmo tempo, pois representa toda a parte de feminilidade que ele é capaz de absorver. Uma dose mais alta transtornar-lhe-ia o coração. Sente ciúmes de Sabine desde que ela se afasta de Aurélio, e ciúmes de Aurélio logo que este se afasta de Sabine.
Assim, entre estes três seres (Aurélio, André, Sabine) desenrola-se um jogo ora cómico, ora trágico, aparentado com um outro jogo de origem incerta: a pedra, a folha e a tesoura. Sucessivamente cada personagem julga ter vencido o vizinho. Os menores gestos de um, repercutem-se nos dos outros dois.
E André vai perdendo a noção da realidade nesta troca de mentiras, pequenas violências e caricias.
Data de publicação Maio 1973