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Azul-Turquesa, de Jacinto Lucas Pires, é um romance que se desenrola como um filme visto da última fila — silencioso, íntimo, quase secreto.
Conta-nos a história de José e Maria, duas figuras que não se conhecem, mas cujos caminhos convergem como linhas num guião invisível. O narrador — mais espectador do que demiurgo — observa-os de longe, sentado numa sala de cinema escura, escrevendo o que escuta, o que adivinha, o que sente nas entrelinhas dos seus gestos.
Lisboa surge aqui como cenário e personagem, com os seus recantos pessoais, as suas ruas que parecem decoradas por memórias. A narrativa avança em planos — quase cinematográficos — e os figurantes multiplicam-se como ecos de um musical que por vezes flerta com a comédia.
Mas o que pulsa no coração deste livro é outra coisa: é o confronto entre aquilo que vemos e aquilo que nunca conseguimos alcançar. A história verdadeira está no abismo entre imagem e presença, entre o toque e o desejo de tocar.
É um livro com alma leve, embora escrito na sombra.
Um romance que sorri com saudade.
Um filme por palavras que se lê de olhos abertos e coração inquieto.
Data de Publicação: 2000
Capa Dura
120 Páginas