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Arno Stern apresenta-nos no livro “A expressão” uma série de considerações fundamentais. Primeiro queria salientar aquelas que dizem respeito à escola (a escola em França dos anos 60 não é muito diferente da escola em Portugal em 2008):
A escola “… coloca as pessoas em classes, categorias, espécies que supõe incompatíveis, que cria classes.” depois afirma que ” Uma classe é uma colectividade que reduz os indivíduos a fazer a mesma coisa, num tempo igualmente distribuído; o excepcional está excluído e, com a mesma finalidade, é forçado a moldar-se segundo o mesmo modelo do aluno em estado de aprendizagem forçada.” e completando uma ideia que está no cerne desta problemática
Considera que a escola afasta por completo a criatividade e a expressão “A expressão está ameaçada por uma espécie de erosão contínua. Uma imaginação viciosa inspira aos professores de arte a práticas que não se poderão considerar de um modo saudável.” dando exemplos desse estado de esterilidade “… Destroem-na em nome de um saber-desenhar que só é justificado por um princípio decadente e erróneo estabelecido desde há muito para provocar a admiração.”
Outras das preocupações de Arno Stern é o consumo que “… quer dizer fazer o que fazem os outros, ser parecido com toda gente; vestir-se segundo o mesmo modelo, habitar, comer, desenfadar-se como qualquer. O consumo despersonaliza, cria modelos, modas, uma maneira de se comportar.” e “O indivíduo já não ousa agir; porque tem a preocupação constante de se integrar na equipa. Como um rebanho, a massa dos consumidores segue o bode publicitário.”
Propõe a possibilidade da expressão várias vezes testada no Atelier, a expressão que Arno Stern fala “…é aquela que, em captação directa, as sensações imprimem ao gesto antes que a domesticação das aprendizagens gráficas não afaste dessa função…” e ” também quando o homem (a criança de qualquer idade) encontra neste lugar o uso primitivo das suas faculdades.” e aos que trabalham com ele no Atelier (crianças) pode-se perguntar “o que vêm fazer aqui? – gozar – diriam. E aqueles que a experiência tornou mais conscientes saberiam responder: captar a escrita selvagem dos nossos corpos! Porque nas imagens que elaboram compõem-se fórmulas nascidas do fluxo, dos impulsos, das tensões, dos desvarios do organismo e das suas funções, desde que é formado e memoriza sensações, desde que acumula desejos.” O atelier “… tenho o privilégio de me incluir no seu grupo. Sou uma testemunha: assisto, sem me cansar, às suas convulsões criadoras.” “Estou misturado ao acto criador, ao uníssono da criação. À minha volta há uma germinação incessante. Eu vejo – eu vivo – uma obra permanente em que cada instante é uma parcela e que nunca se esgota.”
Com este excelente texto eu aprendo, juntamente com outras referências, a minha prática docente e um certo sentido que deverá seguir essa prática. “O educador não vê as pessoas segundo um modelo; não tem nenhum ideal do belo. Cria um meio onde as aparências já não têm peso. Porque a face interna dos seres não é feia, nem bonita, nem simpática, nem exasperante; é apenas verdadeira.” no entanto (ver Ken Robinson ) é necessário “uma educação que fala de criatividade onde outros pensam na cultura e que coloca esta criatividade acima do conhecimento.”
173(3) págs - Brochado
MUITO RARO