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O Equívoco do 25 de Abril, de Sanches Osório (Editorial Intervenção, 1975), é um testemunho político em primeira pessoa sobre os meses decisivos que se seguiram à Revolução dos Cravos. Major do Exército, oficial do Movimento das Forças Armadas (MFA), diretor-geral da Informação no 1.º Governo Provisório e Ministro da Comunicação Social no 2.º, o autor relata a sua participação nos acontecimentos de 1974-75 e sustenta a tese de que a pureza inicial da revolução foi “atraiçoada”. Para Osório, a partir de 26 de abril instalou-se um desvio hegemónico que teria permitido ao Partido Comunista Português e a setores militares alinhados conduzir o processo rumo a uma alegada “sovietização” do país.
Organizado em capítulos curtos – “A Conspiração”, “16 de Março”, “25 de Abril”, “28 de Setembro”, “As Prisões”, “11 de Março”, “O Exílio”, entre outros – o livro mistura memória pessoal, documentos e episódios de bastidores. O autor revisita os Governos Provisórios, as barricadas de setembro de 1974, a crise do jornal República, e o ambiente de vigilância e controlo político atribuído ao COPCON. Um excerto central descreve a apreensão e abertura de um cofre no Palácio de S. Bento, onde, segundo Osório, surgiu um documento assinado por Vasco Gonçalves relativo à ordem para levantar barricadas antes das manifestações de 28 de setembro — prova que, na leitura do autor, contrariaria a narrativa pública da época.
O relato culmina com a resignação de António de Spínola, a saída de Osório do Governo e das Forças Armadas, a breve atividade partidária como secretário-geral do Partido da Democracia Cristã, o mandato de captura após 11 de Março de 1975 e a fuga para o exílio com a família. A prosa é combativa, marcada por um tom de alerta contra o que define como “ditadura social-fascista” e por críticas diretas a dirigentes políticos e militares. A Nota do Editor, assinado por Paradela de Abreu, reforça esse tom, sublinhando as dificuldades de publicação e a intenção de intervir no debate público.
Para leitores e colecionadores interessados no PREC, no MFA e na história política portuguesa, esta obra é uma fonte polémica mas imprescindível para compreender perceções e clivagens do período. Edição de época, procurada por quem pesquisa a Revolução de 1974, os Governos Provisórios e a disputa de caminhos entre democracia pluralista e modelos revolucionários.
Palavras-chave (SEO): Sanches Osório; Equívoco do 25 de Abril; 1975; Editorial Intervenção; Revolução dos Cravos; MFA; Vasco Gonçalves; Álvaro Cunhal; 28 de Setembro; 11 de Março; COPCON; jornal República; PREC; memórias políticas; história de Portugal.
- Encadernação: capa mole
- Ano: 1975
- Páginas: 156
- Dimensões: 21 x 14 cm