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Edição Barco Bêbado de 2024
Tradução de Pedro Morais, capa e pinturas de Vera Matias
Prefácio de Toni Negri
Protagoniza o romance aquela nova geração de proletários que, em meados da década de 1970, inaugura a revolução da vida quotidiana, a recusa do trabalho, a ocupação das casas e dos espaços sociais, a greve selvagem e se exprime com força no grande movimento de 1977.
Aqui, Balestrini reconstitui a epopeia de uma insurreição alegre e disruptiva sobre a qual recairá a profunda violência da prisão e da criminalização. E são precisamente as páginas dedicadas à prisão que mais impressionam o leitor, deixando-o completamente atónito perante a narrativa de uma das mais sangrentas revoltas prisionais da história italiana.
"gritos fortíssimos berros vejo muitos camaradas a correr para aquele lugar não consigo ver nada há fumo e confusão todos têm os olhos vermelhos e cobertos de lágrimas por causa do gás lacrimogéneo desço da grade de segurança e dirijo-me a correr para aquele lugar na companhia de outros damos de caras com outros que vêm na direcção oposta faces desesperadas olhos esbugalhados alguns baixam os lenços um põe as mãos nos cabelos não consigo ver o que aconteceu há um grupo de camaradas parados em semicírculo alguns choram não por causa do gás lacrimogéneo alguns soluçam uma rapariga grita alguma coisa que não compreendo depois mais à frente vejo o corpo ensanguentado no chão vejo o longo rasto de sangue escuro e mais à frente a massa avermelhada do cérebro que a roda do jipão lhe espremeu da cabeça esmagada"