A Negritude: Dos Mitos às Realidades

“A publicação de A Negritude: Dos Mitos às Realidades constitui na problemática sócio-cultural lusíada, uma presença que deve ser considerada de excepcional. Pois que, pela primeira vez, um problema que fora analisado, visto, citado e falado de passagem, ainda e quando fundamental – surge neste trabalho na dimensão justa da sua valia. Quer dizer: um problema a que muitos responsáveis se escusaram, é apresentado na sua dimensão exacta, nas suas implicações, nas suas premissas litigantes ou nas suas conclusões – àqueles que pretendem estar actualizados nas alíneas diversas do terceiro mundo, um terceiro mundo em que tivemos sempre assento a partir dos primeiros contactos com a África.

José Montenegro, depois de concluir o seu curso de Letras na Universidade Pontifícia de Salamanca, foi para o Ultramar e viveu o Ultramar em dois processos sociológicos a ter em consideração: o de Angola e o de São Tomé. É essa experiência humana que dita o desejo de cursar uma Faculdade de Estudos Ultramarinos – O Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina –; é aí que, no final, escreve uma tese que agora se publica.

Do valor e actualidade do livro não falaremos. O leitor interessado será a última instância. Mas não podemos deixar de sublinhar a importância e a originalidade do ensaio. Mais: e a seriedade. Um espírito esclarecido, uma cultura fecundada em dois planos universitários distintos em países diferentes, cultura em que a bibliografia exaustiva completa a experiência – formam o cerne do trabalho que uma inteligência lúcida pensou e executou.

Por todos os motivos, A Negritude: Dos Mitos às Realidades é um livro que honra a cultura portuguesa dimensionada ao espaço português. Mais do que a distinção a premiar um curso, vale o livro que agora, despido de falas universitárias, se dá ao juízo crítico.

José Montenegro, Autor do ensaio, escreveu o primeiro trabalho sistemático e crítico de um problema que está no centro da problemática contemporânea lusíada. Livro que interessa a todos os povos de língua e cultura portuguesa, porque nas suas páginas está a maneira de estar portuguesa – no mundo que o português criou e em grande parte, quase na sua totalidade, conserva.” Amândio César – texto extraído das badanas do livro.

ÍNDICE:

Introdução
Capítulo I: Antecedentes
1. O messianismo pan-africano dos negros da América
2. Os trabalhos dos antropólogos europeus sobre África
Capítulo II: Primeiras Manifestações
1. Na América
2. Na Europa
Capítulo III: Formulação Teórica
1. Contribuições ideológicas: Marxismo, Surrealismo e Existencialismo
2. Sartre e o «Orphée Noir»
3. Présence Africaine
4. Cheikh Anta Diop
5.Os dois Congressos dos Escritores e Artistas Negros
Capítulo IV: Balanço da Negritude: Dos seus Corolários às Novas Realidades Nacionais
1. A diversidade da herança colonial
2. Literatura: os dois principais campos de afirmação
3. Política
4. História
5. Linguística
6. O Festival Mundial das Artes Negras
Capítulo V: O Caso Português: A Negritude em Face do Luso-Tropicalismo
1. «O modo português de estar no mundo»
2. A primeira afirmação da Negritude no Mundo Português (1942)
3. A primeira atitude colectiva (1953) e sua reafirmação (1958)
4. Situação presente
Conclusões
Bibliografia
Índice Onomástico

• Encadernação: capa mole c/ badanas
• Ano: 1967
• Páginas: 198
• Dimensões: 21 x 15 cm