Alemanha na Encruzilhada - 1ª Edição Ano 1962

A questão alemã, pela terceira vez, no decurso da história deste século agitado, desafia a Humanidade, e, neste depoimento, procura-se colocá-la nas perspectivas mais largas da estratégia mundial dos dois campos internacionais, e como ela se define perante a consciência da atual geração dos alemães livres. Não se pretende escrever a história da República Federal Alemã de acordo com os padrões locais e aproveitando-se do aparato da ciência histórica, nem se tenta fazer uma análise sociológica, exaustiva do que a Alemanha Ocidental criou. Apontam-se apenas dos dados históricos e sociológicos, elementos fundamentais que explicam e determinam tanto a estratégia mundial das potencias "supergrandes" quanto a gênese e o conteudo da consciência nacional alemã contemporânea.

Mas o que esta em jogo em Berlim transcende o destino dos dois milhões de seres humanos que escolheram a liberdade e a mantiveram, entre as mais duras provas, numa ilha circundadda pela sondas do oceano comunista. Se eles forem abandonados, a pretensão do Ocidente de se identificar com a defesa da dignidade e de autodeterminação dos povos que não passará de um escárnio de uma ironia amarga. Da mesma forma, se não for possível mobilizar a opinião pública do Ocidente e do mundo livre inteiro em favor da causa dos berlinenses ocidentais, ninguém terá o direito de contestar a conclusão a que se chegará fatalmente, a de que o Ocidente só defende seus ideais quando isto não envolve riscos. É por isso que em Berlim Ocidental - núcleo de toda a questão alemã é pedra de toque de toda a política internacional - esta em jogo mais do que a liberdade de dois milhões de seres humanos; está em jogo a credibilidade na fé democrática, a reputação moral de todo o mundo ocidental.