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«Nos Primeiros dez anos da minha vida, eu não era preto. Em muitos aspectos diferente das pessoas à minha volta, mas mais escuro não era. Disso tenho a certeza. Houve um dia em que notei alguma mudança de cor. Mais tarde, quando já era mesmo preto, perdi de novo a cor.»
Com estas enigmáticas palavras começa O Preto de Coração Branco, o primeiro romance do escritor Holandês Arthur Japin, que reconstrói magistralmente as vidas dos jovens príncipes africanos, Quame e Aquasi, cujo pai, rei da poderosa tribo dos ashanti, os envia no ano de 1837 ao rei Guilherme I da Holanda, com a decidida ambição de aprenderem os costumes do homem branco e poderem, assim, salvaguardar o seu povo do jugo dos colonizadores europeus.
Entre a realidade e a ficção, este livro constitui um belíssimo relato acerca da impossibilidade de adaptação a outra cultura de uns seres que escolhem caminhos opostos para chegarem ao mesmo trágico destino.
abril de 2003
Picos de acidez no exterior de algumas páginas.
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