Nossa Senhora das Flores

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Nossa Senhora das Flores
Autor(a)
Jean Genet
Editora
Difel
Género Literário
LGBTQIA+
Drama
Histórico
Romance
Outro
Sinopse

Que palavra assustadora – génio – pode acudir-nos para se não explicar de todo que aprendizagem foi capaz de chegar a esta escrita sumptuosa cheia de vertigem e fascinação. Em 1944, Jean Genet riscava na prosa francesa um sulco – a mostrar sangue de subversão autêntica – entregava ao público Nossa Senhora das Flores. E afinal… o que se jogava naquela faca de vidro e de todos os cristais só era um banal filho de pai incógnito, só era a memória de uma infância magoada por Assistências Públicas e casas de correcção, a ponta de uma trajectória fortalecida em delinquências vagabundas por inconfessáveis marselhas e barcelonas. Só era isto e assim mesmo ameaça enorme de poesia; toda a roubos e paixão resolvida entre as fronteiras de um mesmo sexo, toda crime e traição, congeminada à revelia da Sociedade, na penumbra dos cárceres que ela constrói para quem se atreva a contra-respirar-lhe as Regras Fundamentais. E mal saía deste insolvente arrepio - o púbico - outro lhe chegava, os poemas de Chants Secrets, e em 1946 Miracle de la Rose, e em 1947 Pompes Funèbres e Querelle de Brest, e o Journal du Voleur em 1949, com várias peças teatrais pelo meio e os Poèmes.
Veio então a perceber-se que uma função da arte - ele próprio o diz com estas palavras - é substituir a fé religiosa pela eficácia da beleza; beleza que ao menos deve ter a força de um poema, ou seja, de um crime. Vezes sucessivas Jean Genet se empenhou em demonstrar os venenos deste teorema; e como nunca em Nossa Senhora das Flores catedral magnífica para a trindade do Macho, da Bicha e do Herói recortados numa ingenuidade de fotografias de revistas e romances de aventuras, transcendidos nas regras de um Pigale tão fechado de universo como uma prisão - : Mignon o Macho, o belo, o mito, chulo e senhor esplendoroso em cobardia e mesquinhas ladroagens; Divina, a Bicha, encantada com a humilhação do Macho e lucidamente escrava; Nossa Senhora das Flores; o Herói intangível porque alheio aos pactos da Sociedade; e por isso mesmo eternamente revoltado, e por isso mesmo eternamente adolescente. Incompreendido - mesmo na morte.
A minha vitória é verbal - avisou Jean Genet um dia - e devo-a à sumptuosidade das palavras. Ver-se-á que bem ela serve esta oeraççãao mágica; como oficia uma missa de trevas redentora de todas as abjecções.

[Aníbal Fernandes]

Idioma
Português
Preço
13.00€
Estado do livro
Muito bom, ligeiras marcas do tempo no exterior das folhas, interior em muito bom estado. Disponível para enviar mais fotos
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Daniel Faia

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