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Num mundo de sombrias cores e
abandonado à ambição, ao egoísmo
e à infidelidade, Lear surge, desde o
início, como tantos outros homens,
egoísta, autoritário e dominador.
Julga-se o centro do universo. Pro-
jecta a divisão do reino para demons-
trar que, mesmo sem possuir o poder
e os atributos reais, continuará a de-
ter o poder. Só que, mal cai dos seus
ombros o manto real, caem também
as vendas dos seus olhos, dando-se
conta então da realidade.
Para Lear, o infortúnio torna-se o
caminho para aprofundar o carácter.
Traído por aqueles que se diziam
amigos e reduzido à pobreza, aperce-
be-se finalmente da medida do ho-
mem. E à medida que a dor lhe ilu-
mina o espírito, adquire a majestade
de que carecia quando tinha o poder
nas mãos.